quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pássaro.

Pássaro cantante.
Por que parastes de cantar?
Seu canto era tão doce...
Tão forte.
Seu canto que arrepiava,
Onde foi parar?
Ache-o.
Mostre-o.
Cante-o.
Faço questão de ouvi-lo.

Amarelo sol.
Seu canto ilumina.
Mas por que se apagou?
Sente o mesmo?
Tu sentes?
Sabes o que é sentir?
Sabe?

Pássaro cantante, amarelo sol.
Volte a sorrir.
Reaprenda a cantar.
Desaprender faz parte.
Reaprender ainda mais.

Para que desistir?
És tão lindo quanto um beija-flor.
Para que não cantar?
Se é seu canto que acalma.

Amor, pássaro, amarelo sol.
Proteja-me com tuas asas.
Não quero me molhar nessa tempestade.
Proteja-me como havia prometido.
Ame como falastes.
E cante...
Cante.

Pare de andar em círculos.
Tu és pássaro.
Podes voar.
Amarelo, cantante.
Sol, melodia.
Pássaro.
Pássaro meu.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Cinza.

Ouvira alguém chorar baixinho no canto daquele comodo cinza e sem sal. Olhara, reconheceu o rosto pálido, que dava aparência de pessoa fraca, sem amor. Estava com fome, fome de tudo aquilo que perdera na noite anterior. Parecia sem rumo. Estava mesmo sem rumo.
 - O que ouve pequena?- Disse em um tom de voz meio confuso.
  A "pequena" levantou a cabeça, até então escondida pelos joelhos de uma calça rasgada. Provavelmente a rasgou de proposito para parecer mais bonita. Olhou para o rapaz, parado como uma estatua em sua frente, esperando uma resposta, qualquer resposta, mas precisava ouvir algo daquela boca avermelhada. Seus olhos cobertos por lágrimas e olheiras, olharam penetrantemente para os olhos confusos do rapaz.
 - Nada.- Disse pausadamente.
 O nada significava tudo. Mal ele sabia o quanto o "nada" a fazia mal. O "nada" era ele. O rapaz olhou para ela como se insistisse uma resposta mais clara.
- Diga-me. - Disse quase como uma ordem.
 Ela olhou mais uma vez para ele, mas quando sentiu o seu olhar fundo, desviou, como se fosse perigoso encara-lo. Mal sabia o doce e tímido rapaz, que outrora seus braços estavam enroscados nos dela, seus lábios, seus toques. Eram deles. Mas em sonho, um leve e doce sonho, que outrora feliz, quando trazido para a realidade tornava-se triste pois não era real.
- Você meu bem. Você criou as noites mal dormidas, os sonhos tristes por serem apenas sonhos. Você meu bem, que criou meus braços soltos sem os teu aqui.
O silêncio reinada após as belas palavras, ele estava em choque, paralisado, o que antes era estatua, virou uma pedra sem traço algum. A moça nunca fora notada pelo rapaz, só algumas vezes, só avia perguntado o que acontecia, pois sabia que tinha algo a ver, bem no fundo, mas sabia. Todos sabemos, todos sentimos, só não enxergamos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pássaro.

Ai amor. Não me olhe assim, com esse sorriso. Só me faz amar, amar e amar. Onde faço você parar com isso? Digo, não é só o sorriso. O brilho nos olhos. O jeito de rir. Quando você tenta fazer os outros rirem com coisas bestas - que só eu rio. O jeito de se mexer, até o jeito de andar. Tudo isso forma essa coisa estranha que sinto, graças a você que deixa tudo tão cego, e só consigo enxergar quando você está aqui. Para que amor? Não percebes o brilho tenso no olhar? Ou o sorriso tão bobo?  Reduza isso, reduza o que me faz o amor. Você me trás o abismo, ao mesmo tempo a ponte. Você me trás as flores mas ao mesmo tempo murcha-as. Você trás a luz, mas é noite.
Tu es o contrário de tudo o que devia querer. É tão bobo, imaturo. Eu preciso de carinho, de amor. Tu não me dá isso, me da alegria, mas ao mesmo tempo distância. É uma placa de "não me toque". Tu não trás choros, deve ser o motivo de tanto amor. Se continuar assim será tão infinito, e será mais intenso. Não quero, não posso. Nunca posso. Nunca quero. Não quero nada do que não seja você ao meu lado. Parece clichê. Admito, é clichê. Mas é o que o amor faz. Anseio, avidez, você.
 Mas é cedo amor, diga isso pra mim, é cedo. Crio coisas impossíveis e ainda coloco a culpa em ti, que está ai parado, se preparando para voar, como um pássaro tentando achar um lugar mais quente para morar. Voe pássaro, tente pensar que eu sou o calor que tanto procuras.


-Nicole Elis

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

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Voltou, ou não. Toda aquela vontade de te ter, te abraçar, te sentir, de ouvir a "nossa" musica. E eu achava que tinha matado tudo, as vontades, os pensamentos, os amores, as mentiras... Mas parece que voltou, idiota né? Sinto saudades do teu cheiro. Da sua explosão. De toda essa coisa de mão soada e de perna tremula. Eu sinto isso ainda, mas não por ti, por isso sinto saudades, saudades de sentir por você, de você, com você. Quero discos, quero contos, quero textos, quero amor, tudo por você. Não sei porque quero, sendo que você nem lembra quem sou, só quero, sem porque, é igual sentir, nunca sabemos o porque, nunca. Talvez seja pela felicidade que eu sentia, era algo estranho, intenso, diferente demais pra mim, parecia uma clareza, uma luz, e foi, se foi. Eu acordava feliz e ia dormir feliz, todos os estranhos dias, até que foi se acabando, e então o escuro voltou, sempre o escuro, sempre. É uma duvida o que eu sinto agora, só uma grande duvida.
Parece que quando você saiu tudo ficou mais confuso. Não sei mais o que quero, só o que tenho que querer, ajo por obrigação não por mim, pois nunca sei o que eu realmente quero, talvez ainda seja você, ou não. Estranho escrever sobre tu depois de tanto tempo sem nem ouvir tua voz, voz irritante mais ao mesmo tempo tão clara e bonita, clara pela luz que trás e bonita porque é sua. É amor, vou me levantar e te deixar ai com sua nova vida, sem mim, sem ninguém que antes dizia te fazer bem.