sábado, 30 de junho de 2012

O toque e a sombra.



Não posso enxergar,
mal posso pensar.
Vagando pelas poças,
torcendo pelos ares.

Não posso sentir,
mal posso prever.
Voltando pelo coração
olhando para o chão.

Não consigo chegar,
mal minha angústia pode se curar.
As aranhas tecem as sombras,
eu teço o mar.

Meus dedos se encostam,
minha alma foge.
Flores caem do céu,
chuvas brotam do chão.

Onde estou afinal? 


Nicole Elis.

domingo, 17 de junho de 2012

Sufoco.

Os passos lentos,
o sorriso sedento,
o mundo se perdendo,
sempre correndo...

Ah se eu pudesse parar
esse tempo sem graça,
para pintar meus dias,
chorar pela maioria...

São fechados e imundos.
O pescoço já marcado,
a mão já ágil,
e os olhares talvez enganados.

O silencio,
talvez seja esse o desejo.
O amor,
talvez seja esse o anseio.

Mas os olhos míopes desprezam.
As mãos passam sem tocar,
e a musica paira no ar.
Distraídos voltamos a falar...

Não há anjos,
ou até fadas.
Os sonhos se perdem.
Nos sufocamos.


Nicole Elis

Estamos presos!
Somos apenas humanos indefesos.
Há algo aqui,
Há algo lá.

Mudamos e mudamos de lugar,
mas nada se deixa amar.
Há algo aqui,
Há algo lá.

Estamos acorrentados!
Nos enterramos desesperados.
Há algo aqui,
Há algo lá.

Estamos acesos!
Os olhares se perdem pelo ar...
Há algo aqui,
Há algo lá.

Andamos e andamos,
nunca saímos do lugar.
Há algo aqui,
Há algo lá.

A luz branca nos reprimiu duramente.
E agora o que há de contente?
Não há algo aqui,
Há algo lá.

Estamos acostumados,
os raios não caem mais lá.
Há algo aqui,
Há algo lá.

Vamos nos escapando,
sumindo e evaporando.
Não estamos aqui,
não estamos lá.

O que cai dos meus olhos,
e o que sai de meus lábios,
não é o que há aqui,
é o que há lá.


Nicole Elis

domingo, 10 de junho de 2012

Ou não.


O mundo está em nossas mãos.
Humanos ou não,
Humanos ou não.

O que procuramos não achamos.
Amando ou não,
Amando ou não.

A confusão está marcada.
Amanhã ou não,
Amanhã então.

Estamos presos em jaulas.
Animais ou não,
Animais então.

Os passos se perderam.
No labirinto ou não,
No caminho então.

Os lábios se desencontraram.
Com vontade ou não,
Sem vontade então.

Os olhares se abaixaram.
Perdidos ou não,
Perdidos então.

O mundo está triste.
Chorando ou não,
Chorando então.

Corações se curam.
Sozinhos ou não,
Sozinhos então.

O tempo está passando.
Rápido ou não.
Rápido então.

As canções estão esquecidas.
Mortas ou vivas,
Mortas ou vivas.


Nicole Elis

sábado, 2 de junho de 2012

A procura.


O que ser,
quando em noites frias
o fim é melhor que o começo?

Não há de querer,
de ter?
O ser é estupido e miserável...

Oh morte,
por que não chegas?
Os dias já são cinzas
As noites tão frias.

A alegria se espremeu.
O mundo já girou.
E o sol, grandioso, já morreu.

O que ser,
quando em noites frias,
não há nem um começo para o fim?

Nicole Elis

Mãos

Suas mãos,
entoaram sobre minha face,
afagaram meu cabelo,
saíram morrendo mudas.

Suas mãos.
Oh grandes mãos,
como céu imenso,
como doces sextas feiras.

Ao ver-te,
seu sorriso imenso,
sua tristeza ardente.
Ah, como queria ter estas mãos nas minhas!

Ao ter-te,
esses olhos fitados aos meus,
o meu sorriso é o mesmo que o seu.
Ah, como é triste teu ar!

Suas mãos,
ou seu olhar,
são como o céu imenso,
ou como o mar.



Nicole Elis