sábado, 28 de abril de 2012

Ciclo.

Oh vida,
por que és tão morte?
Tirou-se de mim a sorte,
de dias afortunados.

Oh morte,
por que existes?
Se a vida tão curta,
já é óbito de dias profundos.

Somos dança,
somos luz.
Somos cabecinhas
afogadas no azul.

Oh vida,
por que és tão cinza?
Trouxe-me um eu,
tão lôbrego e lúgubre.

Somos olhos,
somos narizes,
somos bocas,
somos dedos.

Brindemos a morte,
que nos trouxe a vida.
Brindemos a vida,
que nos trará a morte.

O escuro tão fúnebre,
o sol tão doloso.
Os passos tão quentes,
as lágrimas tão amenas.

Oh morte,
por que vives?




Decesso

Vou lento,
vou triste,
com o peso imenso,
de uma solidão intensa.

Dias escuros,
de olhos tão tristes.
Meses tão curtos,
de semanas tão cinzas.

Somos feitos de ferro,
ou algodão?
Nossos pensamentos,
suportáveis ou não?

Somos filhos de mãos tristes,
somos mães de musicas melódicas.
Sou sorriso de gente fraca,
sou nevasca do Brasil.

Janelas são vazias,
Ruas esburacadas,
mundo cretino, 
tempo sonolento.

Estamos todos
em nossas salas de espera,
ansiosos e inquietos,
esperando a neve no verão.






segunda-feira, 23 de abril de 2012

Olhos que se tocam.
Mãos que se veem.

Dias que giram.
Mundo que passa.

Vento que leva.
Tempo que voa.

Sorriso que vai.
Lágrima que vem.

Vazio que enche.
Sentimento no vácuo.

Solidão que abraça.
Beijos que se despedem.

Amor que vai.
Amor que vem.

domingo, 15 de abril de 2012

Agora.

Os ombros são lápides,
os olhos, os corpos.

O amor é sangue ardente,
de passos fortes e quentes.

Os gritos são gargantas,
roucas e insanas.

Anos são só voltas ao redor do sol,
dias são só a terra tonta.

Beijos são só bocas,
olhares são só olhos.

Abraços são braços enlaçados,
solidão é braço isolado.

Estar é pensar,
pensar não é estar.

Há lápides em seus ombros,
há tristezas em seus olhos.


Nicole Elis.