segunda-feira, 14 de outubro de 2013

o que não sinto mais

O tempo
Exatamente como sinto
Nos passos largos
Na subida da rua 

Aqui já não há 
Espaço para mim
O agora já perdeu sentido
E eu a respiração 

O escuro diz
Que é lá que devo estar
Ando e ando
Mas meu mundo nunca sai do lugar

Os mesmos lares
Nessa mesma rua
E o mesmo pensamento
Sobre o fim 

O resto de uma poesia perdida

Estou morta
Estou morta em mim
Estou morta na terra
Estou morta no céu
Estou morta nas musicas 
Estou morta nas cinzas 
Estou morta nos planos
Estou morta nas mentiras
Estou morta em minha cama
Estou morta hoje, ontem, amanhã 
Estou morta em seu olhar
Estou morta na multidão 
Estou morta na solidão 
Estou morta nessas palavras 
Estou morta do inverno ao verão 
Estou morta
No que sobrou
De mim

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

a fuga

a verdade
nua e
crua
tritura
o que ainda
prestava
dentro de mim
do passado
onde nada era real
e o amor,
uma mentira.

não sei como
não sei onde
não descobri o quê
me fez ser
o eu de agora
que desiste de ser
e se destrói
aos poucos
no passado bom

não há nada
melhor que a estrada
do meu eu
ao teu
e isso
eu sinto
é distante
onde foi bom
não tão longe
como o ultimo gole
do que morreu

aqui sentada lembrarei
do que o tempo fez
do que o tempo fará
e que de tudo
fica um pouco
do teu vinho
do meu ninho
do teu beijo
do meu desejo
do teu pavor
do meu amor
e tudo ficou um pouco



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

fjögur píanó

da angústia de gritar
da ânsia de saber
do desejo de soltar
do medo de perder

o azul que embala
o mar
o verde que enlaça
o ar

a tristeza
que a felicidade traz
com o amor
de quando a noite cai

a solidão
do café forte
agarrando
o doce paladar

o jeito de sofrer
a dor de cair
a aflição de viver
o desagregar do ir

o teu braço
no meu abraço
o meu abraço
no teu braço

sentir

O braço
Em abraços

O lábio
Em sorrisos

Tu vens
Tu vês

Minha alma deseja
A sua

Minha tristeza se completa
Com a tua

O seus olhos
De melancolia
Abraçam os meus
Dominados pela agonia

Procuro em ti
O que não há em mim
Somos um só
Nos completamos.

25

Minha angústia me cerca.
A respiração para e
Caio no chão frio
No lugar mais escuro do espaço.

O desespero grita
Meus olhos tentam achar
Os únicos curtos dias
Que o sorriso foi real.

Procuro teu olhar
Teu carinho
Tua voz
Que não existem mais.

A realidade voltou
Com a chuva e o frio
Que desespera os fracos.
Fugimos.

Não acho nada que é teu
Nem na tristeza que somos.
O único grito que há
É de solidão.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Monotonia do cansaço

Do meu ar
Arrancado aos poucos
Despi-me.

Aos olhos de criança
Queimamos nossos corpos.
O sangue ferve.

O gosto azedo
Da vida que insiste em existir
Torna-nos pobres coitados.

Todos os olhares ao redor
Tornam-se nada
E tudo desaparece.

As nossas vidas são jogadas
Longe de onde podemos ver,
Nos perdemos

Os passos são arrastados,
Nossos ombros já não aguentam mais,
E tudo vira nada.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

do fim

Deixaste tua vida passar
Olhando com os olhos encharcados
De vida perdida.

Morreu de lá
O lugar de onde
Nunca pude chegar.

A luz do mundo
Não sentirá tua falta
Pobre alma, nunca se encaixou.

Vivias em tua melancolia
Que gritava no escuro e
Sozinha morria.

Não estava quando estava
Tu pulavas longe
Ondem eu não poderia nunca chegar.

Teus olhos baixos
Diziam claramente
Que daqui não és.

Teu lado escuro e cinza
Nenhum via e teu curto adeus
Ninguém nunca ouvia.



quinta-feira, 28 de março de 2013

Feliz

Todas as horas
Do dia do amanhã
Estarei feliz.
Andando tonta rindo
Sorrindo
Feliz.
Meus pés irão doer
Meus olhos irão arder
Sangrarei
Minhas lagrimas caíram
Suplicarei por socorro
Andarei em vidro
Darei um grito abafado
Vou ter ataque de pânico
Crise existencial
Mudança física e emocional
Descobrirei fobias
Terei medo do escuro
Morrerei
Sobreviverei
Colarei mais tristeza na parede
Arranharei meu corpo
Rasgarei minhas roupas
Mas continuarei
Feliz.

sexta-feira, 22 de março de 2013

I

No fim da linha distante,
o céu escuro já sem fim.
Os olhos de todos brilham
quando a lua brota.

Ocupados e mortos
mal percebem a solidão,
divididas pelas paredes
gélidas.

Minh'alma abatida,
deixa ser invadida
pelo tédio.

Meu peito dói,
a dor de quem pensa
que isso nunca vai acabar.

domingo, 10 de março de 2013

videotape

A luz
iluminava teus olhos.
O vento esfriava
nós dois.
O dia acabava,
deixando a noite em nós.
Nenhuma palavra era
a verdade.
Todos os pensamentos
estavam se acabando.
O mundo entalava
na garganta.
Ninguém dizia,
ninguém chorava.
Pegávamos nossas armas
e lutávamos contra isso.
Perdemos.
A guerra acabou,
estamos morrendo,
sem parte de nós.
A crueldade em nossas mentes,
torturava nós mesmos,
com frieza e tristeza
de quem nunca acha o que quer.
Mas no fim,
desapareceu o peso
que me proibia de continuar
andando com minhas próprias pernas.

sozinho

Pegue meu
coração e
arraste por todas
estas cidades
que tu
amas.

Olhe em meus
olhos e
diga o quanto dói
a saudade
da musica e
da praça.

Torça o nariz
para minhas
palavras puras
e coloque a
capa com uma
mentira.

Deixe eles
passarem
como tudo o que
era pra ficar:
o amor e a alegria
 por sentir-se completo.

Diga abertamente que
nada vem em sua
mente quando
passa por
todos os lugares
onde nós cantávamos.

Que nada sente
ao lembrar de
tudo que nunca
concluímos,
por falta de tempo e
amor.

Eu nada
vejo e nada
sinto.
Ignoro tudo o que faz
o Eu de hoje lembrar
do ontem.

A falta que
sinto está arrastada
por todos os
lugares em que o
amor estava
presente.

Declare todas
as mentiras que
contou,
para mim e
para todos
que te ouviam.

Tudo que contas
é uma novela.
A musica nunca existiu,
o banco,
a praça,
o amor.

E eu nunca senti.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A Perda

Os filmes não filmados.
Os roteiros não acabados.
Os livros não lidos.
As histórias não contadas.

O azul não visto.
A sombra não amada.
As lembranças inexistentes.
O silêncio mortal.

As palavras não faladas.
Os gestos não demonstrados.
O amor não sentido.
A esperança arrancada.

Os poemas mal escritos.
As noites acordadas.
A memória falhada.
A mão riscada.

O banco vazio.
A rua melancólica.
O poste estremesse
em tua saída.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Multidão

Nas ruas violentas existe
Eu
Que apenas procura a ventura
Como todas as outras cabeças
No piloto automático
De um lado para o outro

Viajo no sol
Vejo pássaros fugido do frio
Pessoas que fogem da morte
E bicicletas que fogem do trânsito
Todos no mesmo lugar que
Eu

O bloqueio...
Não enxergo
Não ouço
Não sinto.
Continua frio e congestionado
Ao lado da morte

Nicole Elis

Sala de espera

O corpo em sangue
Sobrevoando o espaço
O vácuo sou eu.

As estrelas me cegam
Todo azul está preto
Todo preto está azul

Não sei como cheguei
Nesse mundo
de fantasia.

Através do espelho talvez
Onde o que eu vejo
Chora e lamenta

Meu reflexo sumiu
Mas os sapatos sujos ainda estão lá.
Pereci.

Nicole Elis


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A aurora da morte


Encontrei
a faca
em seu coração perdido.

Não diga que não foi
eu sei
eu vejo e sinto.

É tarde pra salvar
o corpo frio
o sangue no chão.

Apenas feche os olhos
durma
o meu amor não será mais teu

Até o dia que você voltar
com os olhos abertos
e as palavras bonitas.

Sem o suor
o terror
e a sua mentira.

Não há como voltar,
o amor e a dor
agora é tudo escuro para você.

Não vou sorrir,
não há risadas
talvez um alívio pelo amor.

O estranho inesperado
o tormento do dia chuvoso
nunca mais voltou.
Nicole Elis

O mesmo mundo


Seguindo o caminho do rio
sozinho.
Nem pássaros soam como companhia.
Os meus pés molhados e dormentes
As plantas machucam e o sol queima.

Os olhos ardem,
eles enxergam o que não está ali.
O passado que algo levou
Não me lembro nem de um minuto
Obriguei-me a esquecer.

Meu presente pobre e sem rumo
relaxa na musica melancólica
que morre
junto ao meu corpo queimado e
cortado.

Observo através da madeira escura.
Todas as mortes dessa terra miserável
E as lágrimas derramadas
Não salvam ninguém.
Nada mudou.
Nicole Elis

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ânsia


Some ao meio da neblina.
As luzes de todas as almas se apagam.
O olhar paranoico.
O medo da derrota.
Os passos pela porta.
As mãos ansiosas.
O sono andando lentamente
Junto da ultima musica.

Os milhões de pensamentos acendem
E se apagam
Em um único instante.
Ele te vê.
Ele te ouve.
Ele sabe o porquê
Mas não quer.

Os olhos na porta.
A sombra sussurrando o medo
Sem enxergar nada a sua volta.
O semáforo se abre.
O tiro é dado.
O olho é fechado.
O começo é o fim.
Nicole Elis