quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fuga


As paredes sufocam
o que quer fugir.
As portas trancadas
não nos deixam sair.

Suas mãos me seguram,
Me colam a ti.
E seus olhos
Me fixam aqui.

Desses lábios,
dessas mãos,
não sairei jamais.
Mas as paredes sufocam.

Do amor que há em mim,
Do restante que há em ti,
Ainda não te desvendei,
Apenas te sigo.

Das minhas mãos até as tuas,
Dos meus pés até os teus,
O que resta é o chão
Que se abre em nossos pés.
Nicole Elis

domingo, 16 de dezembro de 2012

Suja Melancolia


A rua está suja.
É noite!
A melancolia e solidão
Estão expostas por cada gota escura
Que a noite deixa cair.

O silencio não existe!
Por fraqueza e dor
Colocamos a culpa
De nossas almas
Na pobre chuva...

De-me tuas mãos frias
Talvez possamos voltar à luz
Abrir os olhos
Enxergar o que o mundo escondeu.

A noite está fria
Nesta rua suja.
Será que estás aqui,
Ou é apenas a companhia da solidão?
Nicole Elis

Insônia


Não há mundo ou amor.
As luzes se apagaram em dor.
Eu não sinto,
apenas sobrevivo
para mais um café.

O que mata
me força viver.
Olhos se fecham,
o medo escurece.
Mais uma dose de solidão.

As mãos se tocam,
os olhos não estão sós.
O que me vê.
O que te olha.
O mesmo é só ilusão.

Os dias não existem.
Mas o sol persiste.
Através dos prédios,
lares, mares,
vulcões.

De mim não existe.
O nada é apenas companhia.
As mão se tocam,
a tua,
a minha.

Não existe a luz no poste.
É escuro como tua alma,
de exagerada solidão.
Tu és morte de calor.
E outro café.
Nicole Elis

Fulgor


Algo acelera.
No que vejo e desejo.
No que toco e anseio.
As noites frias sufocam nossas almas
Perdendo nosso melancólico calor humano
Viramos apenas sombras gélidas.

O sol que nasce e não nos vê,
Sente-se repulsivo ao olhas o triste andar humano,
As conversas da rotina
E os olhos perdidos
Cada um triste como qualquer ato.

Atravessando a parede rumo ao nosso controle
Tirando nossa consciência
Sempre pensando em si como o sol.

No que toco e anseio.
No que vejo e desejo
Há sempre uma luz
Que não irá nos salvar.
Nicole Elis

Fastio

Nada de irreal,
Dormimos e acordamos no mesmo mundo túrbido
Pintado sempre da mesma cor.

Apagamos nossas mentes querendo fugir,
A realidade nos caça,
Tristes e com medo continuamos a andar.

Não há o que nos salve,
A realidade sempre nos seguirá.
Andamos em fila como condenados do real.

Ao caminhar vemos o que nos destrói.
Nada aqui pode ser aceito.
Mas devemos, sempre devemos...

Nada nos mata ou liberta.
A força da terra não nos deixa voar.
E ao redor é o desprezo e a angústia que domina.

Não há nada que podemos fazer.
Só podemos tentar,
Mas a realidade sempre nos buscará.

Nicole Elis