domingo, 25 de março de 2012

Preto e Branco.

Não tenho controle sobre meu próprio pobre corpo. O que digo, o que penso, o que faço, como eu ajo, nada disso faz parte de minha verdadeira alma. Estou perdida no meu próprio caminho feito por migalhas de pão que os pássaros esfomeados comeram.

 É acordar e dormir, e nem  isso faço por vontade própria, e o que sobra disso tudo é a solidão entre chá e café, café e chá. Talvez meu corpo está tentando tomar seu próprio rumo pela pressão desses dias calorentos, dessa chuva molhada, desse mundo vazio...

 Minha alma grita por aconchego, ela ainda tem esperança. Mas a melancolia e a solidão de dias de climas bipolares deixam-me presa em um mundo que é só meu, e quando dias aparentemente livres - para meu corpo- chegam devagar, minha alma não se desgruda desse mundo, e meu corpo se sente livre, viro criança,
 mas ao fundo estou presa no preto e no branco, no mundo em que todos falam tanto odiar, já eu digo apenas que é o meu mundo. É apenas um tipo de daltonismo, que é da alma não dos olhos.

 O preto é a solidão e a tristeza, o branco é a monotonia, e eu sou só mais uma vitima deste mundo vazio. Isolar-se não adianta. Chorar-me só piora. Gritar estraga a voz. Implorar é humilhação. O certo é conviver até a cor chegar no relógio. E pingos que libertem minha alma caem do céu. Se sentir livre deve ser bom.

domingo, 11 de março de 2012

Oco.


O desespero das almas pobres e fracas pode ser ouvido nesse silêncio agoniante de noite quente. Tapo meus ouvidos com as mãos molhadas, me recuso ao ouvir o torturante som dos gritos aterrorizantes vindo de interiores fracos e frágeis, de corpos podres e repugnantes. Já basta o meu, o eu, gritando, mendigando, suplicando, implorando, por um corpo melhor, por ser melhor.

 A minha angústia por não sentir é maior do que quando sinto. É triste e torturante dormir e acordar no escuro, afogada na solidão de dias quentes, porém dentro de mim é tudo sempre tão frio e vazio. Mas os dias são cheios, as pessoas ocupadas, os carros poluidores, o sol infernal, os olhos perdidos, o mundo denso, e meu coração tão esquecido.

 Todo dia é noite e toda noite é escura. Não há estrelas nem lua em meu céu particular, ou tem e meus olhos não enxergam, e é tudo culpa da falta de amor que coloca suas mãos em minha face esquecendo-se dos buracos para os olhos, assim tudo vira escuro e triste. É a falta de amor, tão triste e deprimente. A falta de animação, tão desalegre e melancólico. O vazio, tão cheio e confuso. O tempo, rápido e lento. É a solidão, mal dos que amam e dos que não sabem o que é amar.

- Nicole Elis

sexta-feira, 9 de março de 2012

Utopia.

Toda sua dor,
cura em seu corpo suado,
molhado.

Todo amor sofrido,
é esquecido,
com suas mãos molhadas em pele seca.

Toda a carência de uma alma,
é derrotada,
quando se está calma.

Todo o calor é aceitável,
quando o coração acelera,
 e o ser vira amável.

Toda vida é curada,
na satisfação divina,
de uma alma cansada.

E nas cavalgadas,
e nas ondas do mar,
o bom sempre é amar e amar.

E a dor é ardente,
o calor que mente,
para alguém que cansa de ser só.

É culpa de alma pobre,
assim se descobre
o amor e a ilusão.

Não é poema,
é explosão.

Não é amor,
é salvação.