O desespero das almas pobres e fracas pode ser ouvido nesse
silêncio agoniante de noite quente. Tapo meus ouvidos com as mãos molhadas, me
recuso ao ouvir o torturante som dos gritos aterrorizantes vindo de interiores
fracos e frágeis, de corpos podres e repugnantes. Já basta o meu, o eu,
gritando, mendigando, suplicando, implorando, por um corpo melhor, por ser
melhor.
A minha angústia por
não sentir é maior do que quando sinto. É triste e torturante dormir e acordar
no escuro, afogada na solidão de dias quentes, porém dentro de mim é tudo
sempre tão frio e vazio. Mas os dias são cheios, as pessoas ocupadas, os carros
poluidores, o sol infernal, os olhos perdidos, o mundo denso, e meu coração tão
esquecido.
Todo dia é noite e
toda noite é escura. Não há estrelas nem lua em meu céu particular, ou tem e
meus olhos não enxergam, e é tudo culpa da falta de amor que coloca suas mãos
em minha face esquecendo-se dos buracos para os olhos, assim tudo vira escuro e
triste. É a falta de amor, tão triste e deprimente. A falta de animação, tão
desalegre e melancólico. O vazio, tão cheio e confuso. O tempo, rápido e lento.
É a solidão, mal dos que amam e dos que não sabem o que é amar.
- Nicole Elis
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