domingo, 11 de março de 2012

Oco.


O desespero das almas pobres e fracas pode ser ouvido nesse silêncio agoniante de noite quente. Tapo meus ouvidos com as mãos molhadas, me recuso ao ouvir o torturante som dos gritos aterrorizantes vindo de interiores fracos e frágeis, de corpos podres e repugnantes. Já basta o meu, o eu, gritando, mendigando, suplicando, implorando, por um corpo melhor, por ser melhor.

 A minha angústia por não sentir é maior do que quando sinto. É triste e torturante dormir e acordar no escuro, afogada na solidão de dias quentes, porém dentro de mim é tudo sempre tão frio e vazio. Mas os dias são cheios, as pessoas ocupadas, os carros poluidores, o sol infernal, os olhos perdidos, o mundo denso, e meu coração tão esquecido.

 Todo dia é noite e toda noite é escura. Não há estrelas nem lua em meu céu particular, ou tem e meus olhos não enxergam, e é tudo culpa da falta de amor que coloca suas mãos em minha face esquecendo-se dos buracos para os olhos, assim tudo vira escuro e triste. É a falta de amor, tão triste e deprimente. A falta de animação, tão desalegre e melancólico. O vazio, tão cheio e confuso. O tempo, rápido e lento. É a solidão, mal dos que amam e dos que não sabem o que é amar.

- Nicole Elis

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