quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A Perda

Os filmes não filmados.
Os roteiros não acabados.
Os livros não lidos.
As histórias não contadas.

O azul não visto.
A sombra não amada.
As lembranças inexistentes.
O silêncio mortal.

As palavras não faladas.
Os gestos não demonstrados.
O amor não sentido.
A esperança arrancada.

Os poemas mal escritos.
As noites acordadas.
A memória falhada.
A mão riscada.

O banco vazio.
A rua melancólica.
O poste estremesse
em tua saída.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Multidão

Nas ruas violentas existe
Eu
Que apenas procura a ventura
Como todas as outras cabeças
No piloto automático
De um lado para o outro

Viajo no sol
Vejo pássaros fugido do frio
Pessoas que fogem da morte
E bicicletas que fogem do trânsito
Todos no mesmo lugar que
Eu

O bloqueio...
Não enxergo
Não ouço
Não sinto.
Continua frio e congestionado
Ao lado da morte

Nicole Elis

Sala de espera

O corpo em sangue
Sobrevoando o espaço
O vácuo sou eu.

As estrelas me cegam
Todo azul está preto
Todo preto está azul

Não sei como cheguei
Nesse mundo
de fantasia.

Através do espelho talvez
Onde o que eu vejo
Chora e lamenta

Meu reflexo sumiu
Mas os sapatos sujos ainda estão lá.
Pereci.

Nicole Elis


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A aurora da morte


Encontrei
a faca
em seu coração perdido.

Não diga que não foi
eu sei
eu vejo e sinto.

É tarde pra salvar
o corpo frio
o sangue no chão.

Apenas feche os olhos
durma
o meu amor não será mais teu

Até o dia que você voltar
com os olhos abertos
e as palavras bonitas.

Sem o suor
o terror
e a sua mentira.

Não há como voltar,
o amor e a dor
agora é tudo escuro para você.

Não vou sorrir,
não há risadas
talvez um alívio pelo amor.

O estranho inesperado
o tormento do dia chuvoso
nunca mais voltou.
Nicole Elis

O mesmo mundo


Seguindo o caminho do rio
sozinho.
Nem pássaros soam como companhia.
Os meus pés molhados e dormentes
As plantas machucam e o sol queima.

Os olhos ardem,
eles enxergam o que não está ali.
O passado que algo levou
Não me lembro nem de um minuto
Obriguei-me a esquecer.

Meu presente pobre e sem rumo
relaxa na musica melancólica
que morre
junto ao meu corpo queimado e
cortado.

Observo através da madeira escura.
Todas as mortes dessa terra miserável
E as lágrimas derramadas
Não salvam ninguém.
Nada mudou.
Nicole Elis

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ânsia


Some ao meio da neblina.
As luzes de todas as almas se apagam.
O olhar paranoico.
O medo da derrota.
Os passos pela porta.
As mãos ansiosas.
O sono andando lentamente
Junto da ultima musica.

Os milhões de pensamentos acendem
E se apagam
Em um único instante.
Ele te vê.
Ele te ouve.
Ele sabe o porquê
Mas não quer.

Os olhos na porta.
A sombra sussurrando o medo
Sem enxergar nada a sua volta.
O semáforo se abre.
O tiro é dado.
O olho é fechado.
O começo é o fim.
Nicole Elis