sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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Parabéns silêncio. Vencestes as palavras mais uma vez, matou-as, sem pena, sem piedade. Não quisestes nem ouvi-las. Preferiu você. Preferiu o silêncio. Esqueceu das mais lindas primaveras? E dos verões, esqueceu também? Você sempre perdia, as palavras sempre devoravam o silêncio, mas agora parece que o outono voltou, apesar de já ser primavera. As palavras sempre tiveram um apetite voraz, agora perderam a fome, perderam a batalha. Pareço até gostar do silêncio, sou até "quietinha" demais, falo quase sussurrando com vergonha as vezes, claro. Mas pareço, não gosto. Amo palavras, amo aquelas frases ensaiadas que nunca dão certo, não parece mas amo. Tudo que amo não demonstro. Me odeio por isso, me sinto um monstro, perco pessoas, não falo nada, por isso acham que prefiro o silêncio, sou um mostro. Parabéns silêncio, por reinar na minha vida. Eu odeio o silêncio do telefone que não toca, das palavras que nunca são ditas, das frases esquecidas que eram tão lindas e decoradas, mas do nada se perdem. Cada palavra é um sentimento, mas e o silêncio, o que é o silêncio? Duvida talvez. O silêncio é duvida. Mas e quando as palavras forem duvidas também, ela é um silêncio como palavras? É uma mistura? O que é quando o silêncio é uma maneira de demonstrar amor? O que é? Diga-me, grite, sou um pouco surda. Silêncio. Silêncio de novo. Nenhuma ideia, nenhuma palavra em mente, sempre as mesmas coisas, as mesmas frases decoradas em frente de um espelho meio embaçado. É como se sua face triste estivesse tapada pelo silêncio, ao em vez de mentida pelas palavras. O silêncio se acha sábio de mais por dominar tantas faces. Mas espertas são as palavras que enganam tão bem. Parabéns palavras. Parabéns silêncio.
 E essa luz cega meus olhos,
 Esse frio congela meu coração.
 E só novamente eu explodo de inspiração.

 E essa distância que me mata,
 E essa tristeza que vem junto.
 Tudo está aqui, menos você.

 E essa dor que invade meu coração,
 Essa falta de um só alguém.
 Eu me sinto nada sem você.
 Eu sou um nada sem você.

 Esse sono que fecha meus olhos.
 Nos sonhos que vou ter,
 Você vai estar aqui,
 Vou ouvir sua voz,
 Vou te ter junto a mim.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Silêncio.

 Estava um silêncio ali, não um silêncio amargo e sim um silêncio de amor. Ele acariciava seus longos cabelos negros que cobriam toda a sua coluna. Sorriso meigo. Aquele sorriso que para ele iluminava mais do que as estrelas. Logo seus olhos enfrentavam os dela. Olhos cor de esmeralda, tão brilhantes quanto o sorriso. Que sorte de estarem juntos naquela noite fria, podendo esquentar um ao outro. Logo depois dos olhares e caricias, aqueles dois lábios tornaram-se um só. O lábio dele avermelhado e o dela meio apagado. Logo abraços, um só novamente. Eram um só. Silêncio. A música de fundo havia acabado. Eles não viviam sem o silêncio da musica. Levantaram como em um pulo. Olhares quentes. Corpos brancos e frios, principalmente o dela. Ele levantou disposto. Sua estante era cheia. Pegou dois, seus preferidos. Falou como em um sussurro, com voz rouca, e um grande tom de amor.
- Qual deles?
 Ela sem dizer uma palavra apontou para a esquerda. Beatles. Sempre Beatles. Ele sorriu. Amava o silêncio dela. Amava aquele olhar de mistério. Gostava de tentar descobrir o que aquele meio termo sentia ou queria. Ela olhou-o satisfeita, e com amor, como se o chamasse novamente para seu lado, ali naquela cama pequena que mal cabia aqueles dois corpos. Ele parecia ter desvendado esse olhar. Mas fez um sinal de espera e saiu por aquela porta branca com algumas palavras desconhecidas por ela.
 Como se ela dublasse a musica, mexia os lábios no ritmo. Sentia-se como se estivesse em um filme, de tão perfeito. Pisou no chão e acordou para a realidade. Acendeu um cigarro. Levantou-se e andou em direção aos discos. Como se folheasse um livro, viu os discos rápido, mas um por um. Seu corpo estava exposto, mas nem percebera. Colocou uma blusa dele. Beatles. Sempre Beatles. Sentou-se naquela miúda cama mais uma vez. "Que bagunça" pensou. Só pensou, sem falar uma palavra. Amava o silêncio. Mais um cigarro, nessa altura seus pulmões estavam pura fumaça, mas nada atingia seu coração. Por enquanto. O olhar dela o queria ali, já passava alguns minutos daquele sinal de espera e do olhar de "não vai". Sem segundos. Como se os pensamentos o trouxesse ali. Ele entrou no pequeno cômodo mais uma vez. Tinha duas xícaras na mão. Café. Sorriu. E ele quando a viu sorrio também. O olhar perguntava se ela queria, e ela sem nenhuma palavra dizia que sim. Ele a amava e ela o amava, só o olhar dizia, não precisava de palavras para isso. Ele viu aquela fumaça toda, odiava cigarro. Foi até à janela, abriu-a. O som da noite da cidade enterrou-se em sua pele pálida e brilhante, junto com a brisa. Ela o olhou com um olhar de reprovação. O barulho atrapalhava a sua musica. Era época de carnaval. Ele gostava. Apenas sorriu. Ela encolheu-se. Ele sentiu o frio. Deitou-se junto a ela. O silêncio era grande. Só podia-se ouvir o barulho dos lábios se tocando e dos carros lá fora naquela noite de carnaval. O olhar mistério voltava. Ele sorrio. Disse algo, mas ela não ouviu, estava concentrada demais no lábio avermelhado dele. Mistério. Suspiro. Silêncio. Ele saiu e ela ficou ali lembrando de cada movimento de seus lábios a alguns segundos atrás. Silêncio e frio. Ele voltou com algo na mão. Supostamente uma caixa. Olhar de mistério, mas dessa vez dele. Ela pegou aquela caixa, suas mãos tremiam gritando por surpresa. Olhos de mistérios com amor viraram surpresa com amor. Beijaram-se. Tornaram-se um só mais uma vez. Silêncio. Amava o silêncio. Amavam o silêncio.


- Nicole Elis

quinta-feira, 15 de setembro de 2011


Minha voz já rouca de tanto gritar coisas que você não vai ouvir, acaba com a chuva. Essa chuva foi a que levou tudo, minha alegria, meus sorrisos e todos aqueles que antes me davam a mão e diziam “Estou ao seu lado”. A chuva parou, minha voz sumiu, como vou gritar por socorro? Raiva, ódio, tristeza, arrependimento, angustia, tudo junto em um coração em pedaços pronto pra explodir mais uma vez. Já não fico surpresa com isso, é normal, passa, vai passar, se não passar vai piorar, mas preciso manter a calma. Logo vem a dor, aquela dor que aperta seu coração e você não pode fazer nada além de chorar, eu sei, chorar não adianta nada, só que acalma, e eu preciso me acalmar. Me arrasto procurando alguém, tento gritar mas lembro que tenho que me acalmar, é uma confusão, sentimentos perdidos, palavras jogadas ao vento, amores que viraram algo que não tem nome, saudades de algo que não volta e que talvez nunca existiu, tristeza. Peço desculpas para minha vida, como fui fazer ela ficar assim? Perdão. Quero voltar no tempo, voltar a ser criança e não precisar me preocupar com tais coisas, onde o amor era o que eu sentia por meus brinquedos, quero aquele tempo, onde deserto era um lugar e não meu coração, onde a chuva poderia transmitir alegria mas hoje simboliza as lágrimas que tanto derramei. Tão nova, tanta coisas para dizer, mas sem voz, sem perdão, sem ninguém. Só quero alguém, só quer o sol, a luz, o brilho do dia. Cansei, quero fugir mas estou sem energia para correr. Parada, no som do silêncio enfim adormeço.