quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Tarde

Não estava mais em si.
Pisou,
Apavorado pronunciou as duas palavras
Entaladas em suas garganta seca:
Onde estou?

Era como se dormisse...
Em um sono tão profundo
Que não lembrava
Nem de quem queria ser.

Seus olhos perdidos
No horizonte distante.
Arrastava-se da realidade à utopia.
Enunciou:
Quem sou?

Era como uma passagem,
Amarga e fúnebre.
E por seus ombros caídos
Ventava o desespero.

No mundo onde vivia
Até as sombras temia.
Encarava o espelho
Sentindo suas próprias mãos.
Quem és tu?

Na mente pesada
Havia destruição.
Os olhos lacrimejavam.
Continuava andando na contramão.

Aproximava.
Não achava saída.
Estava cercado
Por seu lúgubre passado.
Aonde vou?

O vento o leva.
As teias de aranha
São as lembranças
De tudo que ficou.

Os olhos abaixam.
A tensão e a angústia
Dominava sua alma
Que gritava apavorada:
Como fugir?

Não havia como correr.
Suas pernas eram cansadas.
Já reconhecia o nada.
Os passos já não eram tão pesados.




Nicole Elis

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