segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Fala de uma velha alma.

 Estou ficando velha. Minha doença aposta corrida com minha caretice. Parece que quanto mais os dias passam mais um ano eu envelheço, e minha vertigem fica mais constante. Meu navio encalhou e agora o mundo gira em seu redor, mas ele é só um pequeno ponto no meio da imensidão azul.

 O tempo é um crime contra minha pessoa. Deveria poder modifica-lo como se modifica a argila. O problema é que não há caverna que escape do tempo.

 Parece que a velhice me faz sonhar menos, não tenho tempo para fechar os olhos e pensar, a vela acesa não me deixa dormir e nem tentar sonhar. Agora respeito a lei da gravidade, estou com pés no chão, apesar de querer voltar a voar com as nuvens de algodão.

 Me sinto velha pelas rugas criadas em meu coração, que me faz só pensar em como está velho, e o quanto preciso troca-lo. Talvez não seja eu, talvez seja ele que esteja envelhecendo com tanta rapidez, assim como as paredes descascadas das medianeiras.

 Pode ser que seja apenas uma troca de pele, e que logo toda essa velhice precoce saia, e uma nova criança se habitue em mim. Mas é provável que a juventude seja apenas uma máscara perdida no caminho, que pode ser encontrada outra mais para frente, ou não.

 É possível que a velhice viva até um outro amor.


Nicole Elis

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