sábado, 17 de dezembro de 2011

Libélula, Lisbela,

  O que houve Libélula, digo, Lisbela? Avistei tuas rosas jogadas pela estrada, estavam afogadas na água da chuva mais intensa que já vi. Para onde fostes? Abri a porta esperando ter-te ali sentada esperando meu amor, enquanto lia um livro e tomava um café. Mas não estava. O que restava era uma xícara vazia e um livro com uma página dobrada como de costume. Também havia um papel na maquina de escrever, vi que devia estar tentando escrever algo nesse lixo azul.
 Ouvi barulhos dentro do quarto, pulei pensando ser você. Não havia ninguém lá, só a janela aberta e o vento que fez um quadro cair. Seu quadro favorito, um que cansei de ouvir o nome, mas nunca lembro. Ajuntei-o, pendurei de volta naquela parede cor-de-céu. Logo olhei para cama, estava revirada, para onde foi seu costume de arrumá-la, Lisbela? 
 Lembrei-me de seu corpo noite passada, brilhante à luz da lua, tão reluzente e doce. A sua amargues tinha sumido aquela noite. Lembro de meus lábios acariciando os teus, e da sua preocupação com uma noticia qualquer. Mas a preocupação sumiu, sei que só pensou em mim no instante que te fiz minha.
 Agora estou aqui, como bobo escrevendo nessa velharia palavras que não irás ouvir, ou ler. Aquelas flores jogadas custaram-me caro Lisbela, eram as mais belas. Juro que depois de lembrar de seu corpo reluzente da noite passada, eu tentei organizar a cama e prender o quadro mais uma vez depois de cair de novo, mas só tu sabes o quanto não tenho jeito para isso. Mas Lisbela, eu tento.
 Lisbela, volte, traga seu sorriso para mim novamente. A chuva não pára benzinho, parece que é tu quem trás o sol. Não importa, deixarei teu livro na página marcada, e sua xícara esperando-te por mais uma madrugada.
 Libélula. Oh, Lisbela. Para onde foste? Deixando tuas flores jogadas pela rua. 

   De seu amargo Marco.

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