sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Conversas as cinco da matina com uma árvore solitária.

 A menina de vestido cor-de-céu olhava com seus olhos perdidos para o vento escuro através dos galhos da velha árvore solitária. A árvore observa que a menina tenta imitar seus galhos com seus pequenos bracinhos de criança miúda.

 - O que há menina?

 - Quero ser árvore como você.

 - Mas por quê?

 - Olhe como você dança com o vento escuro, seu balanço, seu ritmo, você dança ao som do vento, quero dançar como você, como árvore.

 - Ah, pobre menina, não entendes que não estou dançando. Estou tentando voar.

 - Voar?

 - Sim, como os pássaros que tu observas ao entardecer.

 - Ah sim, voar. Mas por que não voas? Árvores são capazes de tudo.

 - É o que sua mente de criança pequena pensa... Estou presa ao chão.

 - Está? - Ela disse observando o chão enquanto imitava os velhos galhos com seus bracinhos.

 - Estou, assim como você, nossas raízes nos impede de voar, e nossa obrigação de estar no chão nos impede de sonhar. Por isso sou árvore, sou sem sonhos, sou sem asas, só apenas uma árvore. Vejas, quando tento voar pedaços de mim caem, o mesmo acontece com você menina.

 - O mesmo?

 - É, a não ser que cê tenha asas...

 - Não dona árvore, tenho raízes como você, sou árvore, um dia serei pássaro, mas por enquanto quero dançar enquanto o vento puxa o sol com suas cordas de peça teatral.

 A árvore sorriu, deixou a menina pensar que era árvore mesmo sabendo que os pés de criança miúda já não estavam mais no chão.


 Nicole Elis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário