quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Erupções de "eu".

 Já são quase nove, e meu teto - como o céu - já escureceu, deixando-me totalmente perdida no escuro. A chuva que cai não é mais nada do que só um barulho misturado em muitos outros. Já posso ouvir os fantasmas da solidão brincando de ciranda em meu tapete roxeado, que minha mãe comprou com tanto carinho sem saber que ele viraria mais um simbolo de solidão entre quatro paredes e abaixo de um teto escuro.
 
 O vento lá fora só é ouvido pelos amantes do silêncio. Os uivos da lua são imperceptíveis a ouvido-nu. Nenhuma das minhas companhias da noite me dão um amplexo. Fantasmas não abraçam, silêncios desabraçam, uivos fogem, a lua se cobre. Todos dormem, tudo se apaga, mas meus olhos continuam arregalados ao escuro e a solidão de um quarto que já vira um pequeno mundo mórbido.
 
 Não sou tão triste para estar aqui, só estou sozinha, só estou no silêncio...
 A aflição é tanta que chega a escorrer com o suor - apesar de ser uma noite chuvosa, o silêncio me abafa, sinto calor. 

 Não tem pássaros cantando, nem árvores dançando. O silêncio calou todos, fez todos pararem e ficarem observando o vulcão em erupção dentro de mim. Não é lava, é malemolência que se juntou ao quarto vazio.
 Só sinto que nada acaba. Rio, sorrio. Mas a erupção acontece a todo momento que piso e vejo que algo está por baixo de meus pé esbranquiçados pela falta de sol, parece até que a neve caiu sobre eles.

 Pode parecer triste, mas não é. É bom abraçar a solidão depois de uma luta sem nenhuma parada para a paz. É feliz abrir a porta pela tarde, e sair correndo como se fosse liberto de alguém ou de algo. É gostoso cantar e brincar de ciranda nas noites chuvosas e quentes. O triste é feliz, e as vezes o feliz é triste. 

 E a erupção aumenta, talvez eu me preocupe, talvez deixe assim, talvez eu abrace o vulcão e o acalme, deixando-se guardar para jorrar o "eu" uma hora de ciranda.


Nicole Elis

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